quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Muitas viagens, muitas culturas... A Aquarela do Brasil!!!

Nas diversas viagens que fiz sempre aprendi muito, porque escolhia observar como vive o povo daquele lugar, seus usos, costumes, suas tradições. Gosto de comprar sim, só que quando viajo isso não é o mais importante.

Desde muito cedo eu pensava que iria viajar muito, porque queria conhecer os lugares, como contei na postagem anterior. A minha primeira viagem foi aos meus 10 meses quando meus pais resolveram morar em São Paulo. Depois viajava sempre nas férias para Bahia e durante o ano para algumas cidades de Sampa. Assim que comecei a trabalhar, meu sonho de consumo sempre foi viajar e em todas as férias lá estava eu indo para algum destino.

Só que antes de conhecer algum outro país eu tinha definido que iria primeiro conhecer o meu Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, para que eu não ficasse tão deslumbrada com outras belezas, como se aqui nada tivéssemos, como ouvia na fala de algumas pessoas. Assim eu fiz.

Primeiro conheci o sul, numa excursão da Soletur. Que saudades!!!! Para mim tudo era novidade. A paisagem bem diferente, os usos e costumes também. Muitos descendentes de imigrantes europeus o que dava à população uma conotação diferente. Estive na festa da uva e do vinho em Caxias do Sul, desfile em carros alegóricos, chimarrão, danças típicas... os gaúchos com suas bombachas, seu lenço e seu poncho, sem falar no delicioso churrasco, que no final já fazíamos até brincadeira sobre “o que vamos comer hoje?”

Passar pelas serras gaúchas foi um presente divino. Que paisagens fantásticas que me passavam tranqüilidade e paz. O contraste do verde com o céu azul. Gramado, um espetáculo a parte, com o seu campo florido pelas hortênsias, seu lago negro convidativo para um passeio de pedalinho, um ar gostoso e alegre.

O Paraná me encantou pela sua organização, pela diversidade da paisagem, pelos seus parques e pelas características de seus habitantes.

Santa Catarina que recebeu muitas e fortes influências dos colonos europeus – italianos e alemães – também me surpreendeu pela sua arquitetura tipicamente européia. A dança das fitas costume muito antigo onde da ponta de um mastro saem diversos pares de fitas. O mastro é sustentado por um menino no centro da dança. Os dançarinos seguram a ponta das suas respectivas fitas e ao tempo que vão dançando vão traçando as fitas em torno desse mastro.

Depois dessa minha primeira investida para o Sul do Brasil voltei diversas vezes e a cada uma delas descobria novidades.

Era a vez de embarcar para o norte e nordeste passando por todos os estados tão ricos na sua cultura e tão diferenciado da Região Sul. Capoeira, Bumba meu boi, Carimbó, cirandas, o frevo... em cada Estado eu ia descobrindo suas tradições, seu legado, seu folclore. E as comidas? Ah.. que variedades, o nosso vatapá, caruru, o pato no tucupi, o tacacá, as frutas regionais no Pará, as tapiocas no Recife, o baião de dois no Ceará, enfim em cada cidade, em cada Estado a sua riqueza e a sua diversidade. As paisagens com seus grandes rios, com seus mares de cor azul, com o seu por do sol de encher a alma de alegria e paz.  Cultura recheada de legados africanos, indígenas, e também dos Holandeses em Recife. As redes de dormir no Ceará e a alegria daquele povo hospitaleiro. Ressalto também os artesanatos, as cerâmicas marajoaras, as máscaras indígenas, os bordados. As cores fortes e vibrantes como seus habitantes.

Destaque especial para a minha Bahia querida, cantada em versos e prosas por diversos artistas! Terra de gingada, do sorriso largo, das praias de águas azuis, de um mar lindo e extenso. Salvador, sua capital com arquitetura que guarda muito da época colonial, o elevador Lacerda, o conjunto arquitetônico do Pelourinho, a cidade alta e a cidade baixa. Salvador, com suas manifestações populares como a capoeira, o afoxé, o maculelê, o samba de roda, as festas de reis, dentre outras. Destaque também para o seu carnaval que a cada dia se prolonga. É uma grande manifestação de alegria, com foliões de todas as partes do mundo para brincar atrás do trio elétrico, num dos seus circuitos. Terra de culinária rica com os mais diversos pratos feitos no azeite de dendê e com leite de coco. As baianas de acarajé, vestidas tipicamente encantando os turistas com os seus bolinhos e outras iguarias. Bahia em toda sua extensão seja no Vale Jequiriça, com suas cachoeiras e morros, ou a caminho do Sudeste, do Oeste ou do Sertão, na Costa do Cacau ou na Costa dos Coqueiros, na Chapada Diamantina ou no Vale do Rio São Francisco, tem muito que nos oferecer. Ainda quero conhecer muitos desses lugares.

Centro Oeste, que ainda pretendo conhecer bem mais, porque estive pouco, deu para ver sua riqueza, com sua flora e fauna, com paisagens diferenciadas, sem a presença do mar e com suas características climáticas e geográficas bem distintas. Suas danças: o congado, o reisado e também suas festas tradicionais a cavalhada, touradas e festas juninas, sem falar nas suas diversas lendas.

A Região Sudeste, onde morei em São Paulo, ou Sampa, por 20 anos. Rio de Janeiro, Espírito Santo, Belo Horizonte, cada um desses Estados com suas características e identidades marcantes. São Paulo, a grande metrópole, que amo muito, uma diversidade de povos, onde se concentra um pedaço do mundo, representado pelos diversos imigrantes. Estado impregnado de cultura, com seus teatros, museus e também com uma vida noturna ímpar. A terra da garoa, que também apresenta uma gastronomia cheia de novidades. É importante olhar para São Paulo com curiosidade para que possa descobrir tudo o que ela tem para oferecer e também para quebrar alguns paradigmas em relação a essa cidade querida.

O Rio de Janeiro, ou Cidade Maravilhosa, cantado em versos e prosas!!! Gente bonita, praias, morros, escolas de samba, sem falar no flamengo, no fluminense, no Cristo Redentor, no Pão de Açucar e na bossa nova. O Estado tem diversas cidades que nos encantam com paisagens diferentes, de mar à montanha.

O Espírito Santo que tem em Vitória um porto muito importante para exportação de minério de ferro foi mais um lugar que estive. Tem sua famosa Guarapari onde muitos turistas, principalmente os mineiros, usufruem de suas águas e de sua badalação. A praia da Areia Preta é a mais famosa, com suas areias escuras e ricas em monazita que tem poder medicinal. Sem falar na praia de Sepetiba, da Castanheira e de Santa Mônica, Meaípe, dentre tantas outras. A moqueca capixaba também famosa e diferente da nossa baiana.

Finalmente Minas Gerais, como diz a música, “quem te conhece não esquece jamais”. Terra rica em tradições, com suas cidades históricas e termais. Terra de Tiradentes, do Aleijadinho, de Pelé, de Ataulfo Alves, de Ari Barroso, de Santos Dumont e de tantos outros personagens que fizeram o mundo olhar para ela. Minas com várias lendas e estórias que povoam o imaginário dos seus habitantes. As festas folclóricas e os diversos folguedos que fazem dela uma singularidade. O Atlético Mineiro e o Cruzeiro, times de torcedores fervorosos e fanáticos. As feiras de artesanatos onde adoro comprar tudo que vejo, as comidas deliciosas e engordativas: o feijão tropeiro, o frango com quiabo, o tutu, o torresmo, dentre outras delícias feitas em fogão a lenha e que torna essa cozinha rica de sabores e de cores. Nas minhas muitas idas à Minas percebi que o mineiro tem o hábito de receber suas visitas ao redor da mesa da cozinha, de forma muito acolhedora e afetuosa, para que ao tempo que fossemos experimentando as delícias pudéssemos também ir jogando conversa fora. Oh trem bom!!!!  Isso nos tornava íntimos.

Pois é... esse foi um pouco do roteiro que fiz antes de atravessar fronteiras. Precisava conhecer o que o Brasil tem e descobri uma aquarela... a Aquarela do Brasil, que pintou esse nosso país com lindas cores da diversidade de culturas, da diversidade da flora e da fauna, dos rios e dos mares, do folclore e do carnaval, fazendo dele uma linda e rica paisagem.

Só depois disso resolvi conhecer outros países, primeiro da América do Sul e depois de outros continentes. Tenho aprendido muito, principalmente que somos plurais e diversos e que cada país e cada povo têm a sua identidade que não é nem maior, nem menor, nem pior, nem melhor, simplesmente diferente. Vou continuar minha jornada, fazendo uma das coisas que mais amo... viajar!!! Agora estou indo para Portugal e Espanha, numas férias mais do que merecidas e logo mais para Tunísia, conhecer um pouco da África, da sua cultura, da sua história, de seus usos e costumes. Viajar nos faz descobrir novos horizontes, novas possibilidades e nos tira do nosso quadrado, da nossa zona de conforto. A gente sente gosto diferente, cores diferentes, olhares diferentes. Breve volto com mais estórias dessa arte de viajar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Minha viagem ao Peru... Machu Picchu, Cuzco, Naska... mistérios, sonhos, realizações!!!

Viajar faz parte da minha essência, desde muito cedo sempre gostei de conhecer lugares, pessoas, culturas por acreditar que isso nos faz crescer, ampliar possibilidades, sair do “quadrado” em que por vezes nos colocamos. Aqui vou falar sobre uma das viagens marcantes, realização de sonhos... Peru!!!!
Vendo algumas notícias sobre o Peru, imediatamente lembrei-me da viagem que fiz por lá e senti vontade de compartilhar esses momentos com vocês.
Nos últimos meses do ano 2006 recebi um convite: “vamos ao Peru?” não pensei duas vezes e mesmo diante de algumas condições impostas respondi sem pensar: Vamos... quando? Ali estava a possibilidade de realizar um dos meus muitos sonhos. Sim, porque como qualquer mortal, tenho vários sonhos, projetos, desejos e quereres.
O roteiro foi preparado a dois, muita pesquisa sobre os lugares, o que poderíamos ver, quais os transportes, hospedagens e tudo o mais que antecede para que a viagem saia a contento.
Chegou o dia tão esperado pelos “ilustres” turistas, véspera de Natal, com passagem pela Colombia, que essa é uma estória a parte para outro dia. Finalmente Peru. Primeira parada em Lima apenas para pernoitar. Dia seguinte, logo cedo embarcamos para Cuzco, de avião, e de lá para Machu Pichu. Início da realização do meu sonho. Nesse momento tive mais uma vez a certeza de que tudo acontece no dia que tiver que acontecer, muitas vezes de forma inesperada. Vários anos havia planejado e não acontecia. Tive a paciência, esperei o dia certo!
Como falei, primeira parada, Cuzco. Fomos para o único Hotel que havíamos reservado. Deixamos as malas, pegamos o necessário e partimos para Machu Pichu, primeiro de táxi ate a próxima estação de trem, já que havíamos perdido o horário que nos possibilitava sair da estação em Cuzco. Entramos no trem que nos levaria ao nosso destino principal.
Lindas paisagens!! Em cada uma delas me vinha um pensamento de gratidão! Chegamos a Machu Pichu. O sonho se concretizando. Eu estava ali, naquele lugar que tanto desejava estar e conhecer, pedaço por pedaço, história por história.

Da estação de trem fomos providenciar um hotel para ficarmos na cidade de Águas Calientes, na realidade é um povoado onde têm vários restaurantes, pousadas e serviços para todo o turista que vai visitar Machu Pichu. Fica localizada em um vale a 450 m. abaixo da cidade Inca. Ruas estreitas, com muitas lojas e barracas com produtos locais.
Muito interessante observar as pessoas que circulam diariamente. A diversidade é incrível. Todas com o objetivo de conhecer um pouco dessa história tão intrigante, tão mágica. Conhecemos algumas delas. Algumas sozinhas, outras acompanhadas. Estórias de aventuras!
Rompemos a passagem de ano lá, nesse ambiente diversificado, numa noite fria de temperatura e quente de energias. Posso dizer que foi uma passagem não apenas de 2006 para 2007 e sim de forma de pensar, de repensar, de trocas de energias.
No dia seguinte, pegamos um micro ônibus que nos levaria ao parque arqueológico. No ônibus fomos avistando as lindas paisagens de uma floresta tropical e surpreendidos por crianças nativas que vieram nos saudar, na realidade queriam um trocadinho em troca de algumas fotos conosco.
Chegamos e procuramos um guia que nos mostrasse aquela cidade encantada. A localização realmente é privilegiada e não é sem motivos que muitas pessoas a visitam e outros ainda sonham em conhecê-la. Sua beleza é indescritível! Machupicchu significa Pico Velho. O ponto mais alto da cidade fica no Huayna Picchu que significa Pico Novo.
Fica a interrogação: porque escolheram aquele lugar tão inacessível, uma cidade encravada no meio das montanhas e vales a aproximadamente 2450 metros acima do nível do mar? Estava eu ali, refletindo sobre isso, no meio daquela misteriosa e rica cidade, nos meio dos seus templos, dos cemitérios, das casas, tudo tão bem dimensionado, tão organizado.  A cidade é distribuída em diversos setores. Não estava sonhando... era a mais real e pura realidade. O sonho sonhado, agora vivido e experenciado.

A cada degrau de pedra que eu subia notava a perfeição e ficava impressionada com tudo o que via. Antes de viajar, pesquisando sobre o local, li que alguns pesquisadores acreditam que essa cidade enigmática teria abrigado algo semelhante a um convento para as Virgens do Deus Sol. Dizem também que a cidade foi fechada “quando o soberano Inca morreu”. Fiquei me perguntando: o que levou de fato seus habitantes a deixarem essa cidade tão meticulosamente planejada? A resposta faz parte do mistério que ainda ronda Machupicchu. Esse “templo” sagrado dos Incas é merecidamente considerado uma grande obra inteligente e uma grande inspiração do ser humano.
Ter experenciado tudo isso nesse santuário é algo que ficará para sempre na minha lembrança e na minha vida.
O fato é que eu estava li, naquela civilização Inca, carregada de enigmas, de sabedoria, de vibrações de seres superiores. Fiquei meio aturdida, meio zen, meio fora de mim. Ainda assim não perdi o eixo, o centro de mim mesma.
Viajei no tempo e no espaço e me transportei. Fiquei com muita paz, como se algo ou alguém estivesse trazendo luz, certezas de algumas coisas, dúvidas de outras
Fiz meus pedidos, divaguei e vaguei entre aquelas montanhas e ruínas.
E de repente o meu sonho realizou ainda mais, brindado pelo arco-iris. Momento mágico para mim que amo esse fenômeno da natureza e, segundo o nosso guia, era raro acontecer.

A emoção invadiu meu coração, meus sentimentos, minha alma e chorei, chorei muito. A sensibilidade do meu ser veio à tona e me tornou receptiva aquela energia.
Mergulhei em mim mesma e ali me conheci um pouco mais, me questionei, me desnudei.
Foram poucos minutos e foram intensos.

Dei graças ao nosso Criador e no meio daquela beleza indescritível e de toda aquela magia, reconheci o quanto somos pequenos e ao mesmo tempo grandes e privilegiados por sermos suas criaturas.
Chegou o dia de voltarmos para Cuzco. Tomamos o trem e mais uma vez fiquei maravilhada com o que via, as paisagens, o rio, o caminho...
Chegamos a Cuzco a tempo de presenciarmos uma procissão pela cidade. Todos com a vestimenta típica, muita música e alegria.

Fomos para o Hotel e logo mais saímos para conhecer a cidade. A catedral belíssima, como tudo naquela região. Chovia e as fotos não saíram boas. Estar ali era tudo muito bom.
A cidade pela sua história tem também uma influência espanhola que se mistura à arquitetura Inca. Podemos ver a igreja de Santa Clara e San Blas.


Vimos nativas vestidas com chapéu, pollera (saia rodada) e uma trouxa às costas.



No dia seguinte fomos conhecer os arredores, os sítios arqueológicos e conhecer a região do Vale Sagrado dos Incas ou Maras e Moray.
Entre Ollantaytambo e Pisaq está o Vale Sagrado dos Incas, com seus personagens vestidos tipicamente e com suas ricas paisagens.


Lá conhecemos os templos, o mundo dos Incas e continuei encantada com aquela cultura, aquela inteligência e aquelas crenças.

O inimaginável Templo do Sol,os elementais, a água do nada, a sombra dos que acreditavam, as festas, as arquitetura inteligente, a vida. É lá que acontece anualmente o Inti-Raymi – Festa do Sol
A cidade sombria, talvez permeada pelas almas que ali habitavam e ao mesmo tempo a cidade templo, invadida dos mistérios e das energias daquelas inteligências que ali estiveram.
De Cuzco fomos para Naska...
“Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia pode imaginar”.
Foi com essa frase que meditei sobre tudo o que vi, ouvi e senti ali no deserto, no meio do nada e no meio do tudo.

Olhando as múmias refleti sobre o legado daquele povo.

Ao sobrevoar nas linhas de Naska esqueci da emoção do vôo e do medo, para sentir a emoção do que víamos naquele imenso deserto, tão bem traçado nos seus caminhos e tão carregado de mistérios
As linhas traçadas e tão enigmáticas são percebíveis quando o piloto faz as diversas curvas, o sobe e desce para que pudéssemos vislumbrar aquelas imponentes figuras:macacos, beija-flores, lagartos, trapézio... "eram os deuses austronautas"??? Existem algumas teorias e estudos sobre essas linhas, ainda nenhuma comprovação. Para mim o que importa é que essas linhas estão carregadas de energias daquele povo, com todas suas tristezas e suas alegrias, com todo o seu roteiro de vida.


Senti que éramos privilegiados de estarmos participando dessa civilização que muito deixou para a humanidade. Todas as explicações dadas pelos guias se tornaram poucas diante do que víamos e vivenciávamos.
Em toda essa viagem, vimos a dualidade da Natureza, a mesma que como ser da natureza trazemos dentro de nós. Vimos a vegetação, a água e também o deserto, o árido, o claro e o escuro.
E assim mergulhada nessa emoção terminou a nossa viagem ao Peru. De lá fomos para Colombia que muito tenho a falar numa outra oportunidade.
Ter vivido esses dias nessa civilização me fez regressar ao meu lar maior do que quando parti, trazendo na “bagagem” muito conhecimento, muitas emoções e sentimentos indescritíveis e muito vivenciáveis. Foi um momento de transformação interna e cultural. Sou muito grata à vida, a esse convite que ela me fez e me possibilitou aceitar.