segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma homenagem a criança de cada um!!!

Pipoca, algodão doce, picula, bambolê, cantiga de roda, descontração, pega-pega, eu sou pobre pobre pobre, amarelinha, alegria, alegria, falar o que pensa, despreocupação.... bons tempos!!!! Ser criança!!! coisa boa!!! a curiosidade... a vontade de aprender, de descobrir, a idade dos porques, do criar, do desmanchar, do quebrar,  para depois refazer, ou não...

O bom é que essa criança, ainda que adormecida, continua conosco e a ela ainda podemos dar vida se assim desejarmos, se tirarmos os muros que construimos, as desconfianças, as preocupações excessivas, a robotização, a vontade de sermos perfeitos, a rigidez, a intolerância...

Então, aproveito essa data dedicada a criança para sugerir a cada um de vocês que deseje tudo de bom e digam em alto e bom tom: “feliz dia da criança” a essa criança linda, acordada ou adormecida, que existe em cada um. Que essa criança possa vir a tona sem medo de ser FELIZ, acreditando e reconhecendo que merece a felicidade. Deixe ela pular, cantar, dançar, rodopiar, brincar de roda, perguntar o porque, criar, recriar, inventar, ousar, enfim... deixe simplesmente ela ser!!!

E viva o dia da criança!!!!!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Educação... onde está a diferença???

A Revista Veja, tempo atrás, publicou uma matéria com o título “Cultura do Sucesso” onde a autora, Camila Antunes, mostra “que jovens de origem asiática vão mais longe nos estudos e estão deixando os brasileiros para trás” Apresenta dados estatísticos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicando que “37% dos alunos de origem asiática no Brasil concluem a universidade – quatro vezes mais do que a média dos estudantes brasileiros. Uma das evidentes razões para o sucesso desses jovens é mensurável – e simples: eles estudam mais. Enquanto um típico aluno brasileiro passa cinco horas por dia às voltas com aulas e livros, os que vêm de família coreana, chinesa ou japonesa dedicam pelo menos oito horas aos estudos, segundo a pesquisa. Em suma, eles repetem no Brasil a fórmula aplicada em seu país de origem: investem tudo o que têm em educação – e varam noites debruçados sobre apostilas e equações matemáticas. Deu certo lá. Está funcionando aqui. Conclui o pesquisador Kaizô Beltrão, autor do estudo, também descendente de japoneses: ‘Os asiáticos no Brasil estão deixando o restante da população para trás’ (...)Os estudantes de origem asiática não sobressaem apenas na escola. Um levantamento feito pela Universidade de São Paulo revela que eles chegam a ocupar quase 20% das vagas nas carreiras mais disputadas, como medicina e engenharia. O número surpreende, uma vez que, na população brasileira, os asiáticos são bem poucos: apenas 0,45% do total. Em outros países, como os Estados Unidos, a situação é semelhante. Nas melhores universidades americanas, eles circulam por toda parte (especialmente nas carreiras tecnológicas, uma outra tradição importada de casa) (...)Resume o economista Claudio de Moura Castro: ‘As famílias asiáticas entenderam há muito tempo que o sucesso depende de sacrifícios e paciência para esperar pelos resultados’. Os brasileiros ainda não.” Quem se interessar pode acessar a matéria completa no endereço. http://veja.abril.com.br/230507/p_088.shtml.
Baseado nesta matéria, recebi um PPS de uma amiga onde o autor, anônimo, relata o fato e acrescenta “Tudo isso me fez lembrar uma menina brasileira que veio do Japão visitar os parentes que ficaram aqui. A tia dela, era coordenadora na escola onde lecionávamos. Certo dia, estávamos em nossa sala, tentando dar aula e explicar a matéria para os alunos que, como sempre, só conversavam e brincavam de costas para o lousa.... Enquanto isso, a tia, vagava com a garota pelos corredores procurando uma classe mais calma onde o sobrinha pudesse ficar resolvendo as questões que a tia preparou para verificar o aproveitamento e a adaptação da menina na escola japonesa. Mas a menina ficou aterrorizada com a gritaria dos nossos alunos e preferiu resolver a avaliação na biblioteca alegando que não conseguiria concentrar-se com a bagunça. Perguntamos então, o que acontecia na escola dela com os alunos que só queriam brincar, não estudava e não respeitava o prf. em sala. ELA DISSE QUE ELES ERAM PUNIDOS. Perguntamos então , qual era a tal 'punição' . SABE O QUE ELA RESPONDE ???????? Que não sabia porque na classe dela NUNCA havia visto um aluno conversar durante explicação do professor ou desrespeitar o mesmo. ...''
Na época que recebi essa mensagem fiz uma reflexão, como educadora que sou, e enviei para alguns amigos.  Repito aqui minhas divagações... essa matéria da Veja me fez pensar no quadro da educação do nosso país. E ela me faz perguntar: quais os motivos que levam aqueles que fazem a política pública ignorar essa realidade? Sim, ignorar... pois o que vi em 1966 quando sai do Colégio, muito orgulhosa de ter me formado para ser professora, um grande ideal, continuo presenciando hoje. Naquela época, quis trabalhar e como havia também acabado de entrar na faculdade e ainda fazia o último ano de piano, meu pai relutou em permitir que eu fosse para o mercado de trabalho o que cedeu depois de minhas insistências e disse: “só se for professora!!!” pimba!!!! era tudo o que eu queria!!!!

Muito feliz fui para um grupo escolar... grande decepção!! Sai de um colégio modelo, onde aprendi o que havia de melhor. Como aplicar tudo isso na prática, onde aquelas crianças não passavam de números? Deparei-me com vários professores bem mais velhos e todos frustrados, angustiados. Não dei muita importância e comecei a olhar cada criança quase adolescente (fui ensinar no 5º ano que hoje nem mais existe) como um ser humano, um amigo e passava a hora do recreio com eles, conversando, batendo papo sobre os mais variados assuntos. E como eram carentes!!!!

Final de ano chegando... provas, etc. Uma frustração enorme!!! Vem a ordem: todos os alunos TÊM que ser aprovados. Como aprovados???? indaguei. Naquele grupo escolar cada professor corrigia a prova de outra disciplina que não a sua. Corrigindo a prova de matemática de outra professora (eu lecionava história e ciência) percebi que alunos não sabiam a mais elementar conta... 2 + 2.  A nota era zero e era OBRIGADA a colocar 5. Obviamente que neguei e não fiz. Deixei para quem quisesse fazer. Não voltei mais para escola. Em meus 18 anos vi meus sonhos brigando com a realidade.

Hoje, já com bem mais idade, presencio o governo querendo ainda números. Tanto por cento de brasileiros alfabetizados, tanto por cento conseguiu concluir o ensino fundamental, o ensino médio. E assim de número em número chegam à faculdade alunos que não conseguem interpretar textos, não conseguem colocar no papel suas idéias, porque não foram preparados para isso. Alunos que não indagam, não questionam, pois foi assim que foram "educados". Alguns alunos que querem apenas ter presença e no final receber um diploma que lhe dê acesso ao mercado de trabalho!!!! Esses mesmos se tornam ex alunos frustrados, porque seu diploma ainda não deu o tão sonhado lugar ao sol. E eu continuo sonhadora!!!! e como estou num centro universitário que ainda prima pela qualidade posso seguir em frente e continuar vendo cada aluno como um ser humano único e dar o melhor de mim para ver se consigo tirar o melhor deles. Na realidade amo o que faço e por isso vejo alguns resultados.

Como seria bom que as verbas desviadas que andam saindo nos jornais fossem aplicadas numa educação de base, onde nossas crianças (aquelas que são maioria e que vivem numa condição precária de vida e de grande risco) pudessem ter uma educação de qualidade. Como seria maravilhoso se essas crianças pudessem passar o dia num ambiente de aprendizagem, onde tivessem condições para de fato aprender, investigar o porque das coisas, serem incentivadas a utilizar sua criatividade e todos os recursos internos que possuem, a conviver com as diferenças, a compartilhar idéias e não apenas serem papagaios, decorando, repetindo, reproduzindo para fazerem uma prova.

Enquanto isso, essas crianças que não se sentem estimuladas a frequentar a escola ficam de fato sonhando em ser um grande jogador ou um cantor de axé porque podem ganhar muito dinheiro e ser alguém. Enquanto isso, algumas deixam de ir as aulas para irem para sinaleiras pedir, vender, se drogar, roubar. 

Como professores dessas escolas públicas podem ser educadores num sistema corrompido e engessado, quando a maioria passa o dia com crianças amedrontadas e que também amedrontam (as notícias diárias provam), num ambiente onde os recursos não chegam e ainda assim tentam inovar e criar dando tudo de si e se frustram, se estressam, adoecem?

O problema é bem mais profundo! Só uma virada de mesa muito grande e o entendimento de que é importante cada um fazer a sua parte pode transformar essa realidade. Enquanto isso faltam talentos para ocuparem alguns cargos porque o nosso país não preparou, apenas se preocupou com números. E ai vamos assisitindo a tudo isso muitas vezes passíveis, outras vezes indignados, outras repetindo... isso é Brasil!!!! Como sou otimista aguardo dias melhores onde veremos crianças com mais dignidades, sendo respeitadas e respeitando, sendo incentivadas a estudar, a pesquisar, a mostrar suas idéias e a se tornar adultos mais felizes, inovadores e que mudarão a cara do Brasil, desse nosso tão rico e lindo Brasil, para que um dia quem sabe cheios de orgulhos possamos dizer... Isso é Brasil!!!

" O sonho pelo qual brigo, exige que eu invente em mim a coragem de lutar ao lado da coragem de amar ". PAULO FREIRE